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Jun07
Parte III Conta corrente de Virgílio Ferreira lido em 1995/96
AnnaTree
Coisas lidas
(...)
No nosso tempo a gente remetia o gozo para um futuro invisível. Visível era só o marranço a falta de dinheiro para o tabaco, o namoro por carta. Agora não. Agora quanto a namoro começa logo pela cama para as primeiras impressões. E o resto, nós que gamemos a estucha, e sobretudo que implantemos o jovem no seu lugar de direito que é onde se possa ganhar muito e não trabalhar demasiado para não tirar tempo ao gozo que há-de vir do ganhar.
(...)
É mais fácil quando se é estalinista, mudar-se para o fascismo do que para a democracia.
(...)
Não, não quero saber mais, já sei tudo o que me chegue para encher a vida.
O mais que viesse, que é que me ensinava?
(...)
Estou cansado é a verdade que tenho, definitiva e insubstituível.
Acumulei o que pude da verdade dos séculos.
(...)
Agora, não. Agora quero é estar só, entretido com o que se passa, olhar mas sem ver muito, que tenho a vista cansada e ouvir o rumor do que passa, mas distraidamente, que ouço mal do ouvido esquerdo. Não há que ver nem ouvir, há apenas ir estando.
(...)
Não! Saber mais não me interessa. Dêem-me apenas um livro, pequeno, resumido, que não há tempo e tenho pressa, um livro breve, mas em que se aprenda a morte, essa matéria tão difícil de aprender. E é quanto basta para ser homem.
(...)
No nosso tempo a gente remetia o gozo para um futuro invisível. Visível era só o marranço a falta de dinheiro para o tabaco, o namoro por carta. Agora não. Agora quanto a namoro começa logo pela cama para as primeiras impressões. E o resto, nós que gamemos a estucha, e sobretudo que implantemos o jovem no seu lugar de direito que é onde se possa ganhar muito e não trabalhar demasiado para não tirar tempo ao gozo que há-de vir do ganhar.
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É mais fácil quando se é estalinista, mudar-se para o fascismo do que para a democracia.
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Não, não quero saber mais, já sei tudo o que me chegue para encher a vida.
O mais que viesse, que é que me ensinava?
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Estou cansado é a verdade que tenho, definitiva e insubstituível.
Acumulei o que pude da verdade dos séculos.
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Agora, não. Agora quero é estar só, entretido com o que se passa, olhar mas sem ver muito, que tenho a vista cansada e ouvir o rumor do que passa, mas distraidamente, que ouço mal do ouvido esquerdo. Não há que ver nem ouvir, há apenas ir estando.
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Não! Saber mais não me interessa. Dêem-me apenas um livro, pequeno, resumido, que não há tempo e tenho pressa, um livro breve, mas em que se aprenda a morte, essa matéria tão difícil de aprender. E é quanto basta para ser homem.