consciencia ecologica
Estes dias que passei no carvoeiro foram excelentes! Um tempo como nunca esperei encontrar nas últimas semanas de Setembro e em que muito se assemelha ao início de Outono que eu tanto gosto. Temperaturas amenas e as da agua do mar muito próximas com as temperaturas do ar o que significa andar constantemente dentro e fora de agua. E ontem esteve uma noite encantadora de lua cheia. Depois do jantar eu e o João resolvemos descer a pé á vila. Como haviam já três sacos de lixo reciclável eu resolvi carregar com um saco com algumas garrafas e um bidão de água. O João resolveu auxiliar-me com os outros dois sacos mas, em seu sentido prático, passando perto de um contentor de lixo orgânico parou olhou pra mim e disse: «e se hoje, só hoje eu deitasse aqui?» – sorri, afinal o único eco ponto que havia era lá em baixo na vila e teríamos que caminhar a pé com os sacos na mão, retruquei, andando uns passos á frente: «faz o que a tua consciência ecológica mandar, mas lembra-te que o planeta tá-nos emprestado! E segui rua abaixo com o meu saco enquanto ouvia os sacos do João caírem com estrondo no contentor de lixo. Iniciamos assim uma dissertação sobre a obrigação de quem paga impostos reciclar lixo quando já pagamos uma taxa para resíduos sólidos. Argumentei que a exemplo da Alemanha podíamos criar dias da semana certos para recolha de cada um dos lixos: 2. feira lixo orgânico; terça-feira os vidros 4.feira lixo orgânico 5.feira cartão 6 feira lixo orgânico e sábados os plásticos; mas concluímos que aqui em Portugal é tudo bem diferente e nós que pagamos taxas de resíduos sólidos ainda temos que nos deslocar a três quilómetros de distância para depositar o lixo reciclado. Íamos nós a conversar debaixo da luz da lua, a estrada era muito mal iluminada. Eu de braço na cintura do João e ele agarradinho a mim…saco de lixo na minha mão esquerda…enfim um passeio romântico á luz da lua e com a sensação que ia cumprir com um dever cívico quando de repente e porque observava a lua o meu pé resvala para dentro de um buraco e vejo – me atirada ao chão sem dó nem piedade. Na queda, levo o João arranhando-lhe os rins até a marca das minhas unhas ficarem gravadas. Levei com o João em cima ele caiu de lado em cima de mim…e como se não bastasse ainda levei com o saco da consciência ecológica em cima de mim. Acreditem o cenário era de horror. Já que após ter caído sobre mim o João rebolou e bateu com a nuca no chão e fechou os olhos não mais os abrindo para meu horror. Chamei – o vezes sem conta sem notar que o pé estava já a latejar-me só quando o tentei levantar reparei nas dores lancinantes do meu tornozelo. Aí o João como por milagre ressuscitou do chão onde jaziam garrafas que ainda rebolavam pelo chão da rua inclinada….o espectáculo para quem via devia ser desolador e dado a especulações de que tanto eu como ele éramos dois bêbados perto do coma alcoólico estatelados na estrada a olhar a lua! Prontamente o João disse-me para me deitar no chão que ele ai ao restaurante perto chamar o 112. Contou me ele depois que dirigindo – se ao primeiro bar de indianos perguntou se falavam inglês ele disse que sim e o João pediu -lhe para ligar para o 112. O homem embaraçado disse – lhe para ir ao bar em frente porque não sabia bem falar inglês nem português. Entrado no segundo bar aconteceu – lhe exactamente o mesmo e também eram indianos. Á terceira tentativa encontrou um bar de portugueses atenciosos que fizeram a chamada. Á pergunta em que rua estávamos a menina disse: «basta dizer lhes que é no carvoeiro na zona dos bares, eles sabem onde é» quando o João retomou a chamada e disse onde estávamos e quais eram os meus sintomas eles disseram que o melhor era irmos nos lá ter – provavelmente pensando que se tratava de uma grandessíssima bebedeira!!!! Nem queríamos acreditar!!! Nós que pagamos impostos que cumprimos com as nossas obrigações ecológicas quando caímos num buraco do governo do Sócrates e pedimos uma ambulância era -nos recusada!!?!! Entretanto esperei horrores! Deitada no chão do passeio e só com um gato vadio por companhia, primeiro bufou-me, depois foi-se aproximando e ali ficou até o João chegar com o carro para me levar ao hospital de Portimão. Durante este tempo todo estive com uma saca de gelo no tornozelo deitada no passeio. Várias pessoas passaram de carro ou a pé por mim sem sequer me perguntarem se precisava de auxílio!!!!
No hospital deram-me uma pulseira e ali fiquei por duas horas numa sala de espera mínima cheia de gente com pulseiras (estamos muito modernos! Mais valia nos terem dado as pulseiras de são salvador da bahia para ver se ao menos os santos brasileiros nos safavam. Na minúscula e interior salinha de espera- espanto total! Tive pela primeira vez uma visão
De promessa eleitoral cumprida. O tal do prometido choque tecnológico da era Sócrates jazia a um canto desta minúscula sala com uma wallpaper relvado com nuvens azuis e onde se lia um aviso de erro. O que fizeram com as televisões????
Conclusão: ruptura de ligamentos sem quebrar osso nenhum, torço mas num quebro! Saímos do hospital ás duas da matina para comprar na farmácia de serviço o brufen. Pois saibam que a farmácia que estava de serviço não nos abriu a porta. Talvez o farmacêutico tivesse um sono pesadote…enfim….seguindo com a vida que deus nos deu neste país tão bem governado! Parto hoje para o porto na esperança de que um dia Portugal mude para melhor. Afinal não foi aqui que nossa senhora de Fátima escolheu aparecer? Quem sabe não volta de novo e dá uma checkada a este Portugal dos pequeninos.
anna tree de pé ao alto