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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

28
Abr09

a coragem de mudar de willy pasini e donata francescato lido 2003

AnnaTree

Coisas lidas 

Alguns estão convencidos de que os protagonistas da mudança serão as mulheres.
Faith Pop Corn, uma celebre futurologa americana, fala de «Eve Option» e perdiz um novo século inspirado no pensamento feminino. E são cada vez mais numerosas as mulheres que aderem ao que é novo.
(...)
A atitude (á mudança) de cada um de nós depende em larga medida da história familiar, das mudanças que «afectaram» a vida dos nossos pais, da auto estima e da confiança em nós próprios. E também muito importante o contexto em que vivemos, que pode determinar muitas das nossas reacções em relação aquilo que é novo.

24
Abr09

Carpediem

AnnaTree

Coisas Mailadas


"Colhe o dia, confia o mínimo no amanhã
Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses
Darão a mim ou a você, Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia
Não brinque. É melhor apenas lidar com o que se cruza no seu caminho
Se muitos Invernos Júpiter te dará ou se este é o último,
Que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar
Tirreno: seja sábio, beba o seu vinho e para o curto prazo
reescale as suas esperanças. Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento
Está fugindo de nós. Colhe o dia, confia o mínimo no amanhã.
Horatio

 


joao L

22
Abr09

chega-te a mim e deixa-te estar de Eduardo Sá

AnnaTree

1. Não é verdade que as pessoas da família marquem presença constante nos retratos. Nem que gostem de nós ou nos conheçam (porque compartilhamos os pais ou o sangue que aproximou as nossas vidas). Sempre que nos desconhecem, ou se afligem quando estamos aflitos, ou se intrigam (como se lhes faltasse o mapa do tesouro para chegarem a nós), fazem-nos sentir sós e abandonados. E, quando é assim, as pessoas de família podem tornar-se estranhos colados a nós. O que, naturalmente, só nos traz amargura, decepção e, até, rancor.
2. Não é verdade que as pessoas da família nos ancorem sempre á vida e que nos rasguem mais um horizonte no olhar... quando nos olham. Na verdade, as pessoas da família são, também, quem mais nos decepciona e desampara. E, por vezes, são quem nos ensina a aprender deixando de perguntar porquê. E parecem ter perdido, por entre um comboio de gestos, os pequenos nadas que nos dão lume por dentro e nos iluminam. E são, ainda, elas que, de floco em floco, criam a «bola de neve» de coisas por dizer que, um dia, como uma avalancha, há-de resvalar sobre o nosso coração.
3. Muitas vezes, as pessoas de família parecem crianças assustadas. Receiam dizer «gosto de ti», para que isso não nos inebrie. E nem sempre colam o seu peito ao nosso, se aconchegam e nos abraçam, por mais nenhum motivo que não seja para que nos sintam junto a si. Muitas vezes as pessoas da família falam, fluentemente, dos ossos, da gripe, da pedra no rim mas, raramente, dos sonhos que as movem ou das convicções que lhes dão luz. Quando o fazem assim, é como se nos pedissem «tem pena de mim!» e, quase nunca, «gosta de mim!». «Amam-me!», muito menos.
4. Na verdade, o mundo interior não divide as pessoas entre as estranhas e as de família. Mas entre viajantes e os aventureiros, os arquitectos do nosso coração, e os alquimistas. Os viajantes e os aventureiros são pessoas que nos surpreendem de passagem. São como pirilampos que nos dão uma luz e, de seguida, nos desassombram com outra decepção. Os arquitectos do nosso coração rasgam avenidas ou desvendam planaltos, e guiam-nos. Trazem consigo as revoluções tranquilas que acrescentam outro lugar aos pontos cardeais. Os alquimistas desconcertam mais. Abrem persianas na nossa alma, dão-lhe sol e transformam-nos para sempre. (peço-vos que não me perguntem onde fica a alma porque não sei). Mas, como sabem, da jeito imaginar um «lugar ao sul» que defina o mais fundo de nós que não tem definição)
Como se não chegasse, os alquimistas percebem que aquilo que distingue as «boas prendas» dos «presentes» são os laços, e nunca nos perguntam se estamos tristes ou aflitos. Antes nos dizem: «Chega-te a mim...e deixa-te estar»

21
Abr09

Aula da língua mãe

AnnaTree

 Coisas Mailadas


Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida.
E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.
E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro:
- Óptimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a
Movimentar se: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a insinuar se. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: abraçaram se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula: ele não perdeu o ritmo e sugeriu um longo ditongo oral, e quem sabe, talvez, uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois géneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objecto, ia tomando conta dela inteira. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjectivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois olharam se, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objectos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou pela janela, e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

17
Abr09

A UMA MULHER POR VINÍCIUS DE MORAES

AnnaTree

Coisas declamadas

quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito.
estavas trémula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
e a angustia do regresso morava já nos teus olhos.
tive piedade do teu destino
quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne.
quis beijar-te num vago carinho agradecido.
mas quando meus lábios tocaram teus lábios.
eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
e que era preciso fugir para não perder o único instante
em que foste realmente a ausência de sofrimento
em que realmente foste a serenidade.

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