Passeio a evora
Coisas escritas
Meu Querido Amor; visitaste esta página na expectativa que eu falasse de Évora.
Pois aqui vai o recuerdo que trouxe de lá.
Gostava de viver em Évora por dentro das muralhas. O ritmo da cidade apazigua-nos, ali estamos num tempo lento e ninguém tem pressa de nada. É de tal forma assim que rodeando, num passeio a pé, as muralhas da cidade pude até ouvir a pedra a contar-me histórias do passado.
O Alentejo no Outono atinge tons lindíssimos onde o contraste entre o verde dos campos e as folhas das árvores em tons de amarelo-torrado o tornam inesquecível nesta altura do ano.
A estrada que leva á cidade de Évora é linda mas convêm fazê-la de dia já que é toda ladeada de árvores que á noite mal se vêem.
Ficamos num hotel de charme que, anos atrás quando lá fui, disse para mim que nunca iria ter possibilidade de lá passar uma noite. A vida está sempre a rir-se dos nossos planos ou da nossa falta de sonhos. Ficamos hospedados no Hotel Mar de Ar Muralhas. Serviço atencioso quartos extremamente confortáveis e bem decorados. Pena não ter feito uso do enorme terraço que o quarto tinha visto estar muito frio. Ainda assomei á janela da sala onde despontava uma árvore. Com o barulho da janela um bando de pardais saiu da arvore e dispersou se no ar.
Calcorreei as ruas até á praça do Giraldo sem Pavor. Lá chegados podemos desfrutar de uma manhã de sábado cheia de sol e cheia de gente. O comércio estava borbulhante. A certa altura deparo-me com um artesão chinês (não sabia falar uma palavra de português) tinha entre mãos, espantem-se, folhas compridas verdes de uma planta que pelo consegui perceber é bem portuguesa. Ele ia fazendo á medida que ia vendendo a 5 euros cada um uns gafanhotos que espetava num palito comprido. Comovi-me... ali estava alguém que para sobreviver foi ao seu passado de menino e improvisou um brinquedo com o que tinha. Ao fim do dia quando lá voltei os gafanhotos estavam a ser vendidos a metade do preço, foi nesta altura que não resisti e comprei um. Guardo-o como memória de que ás vezes é preciso deitar mão do que sabemos fazer e faze-lo sem medos nem projecções comerciais. Acima de tudo o que aquele homem me vendeu não foi um gafanhoto feito de uma folha comprida e sim um modo de estar na vida em que cada conhecimento que temos corresponde a uma fabulosa oportunidade.
Ainda fui á Night de Évora mas ainda não foi desta que dancei...
Quero lá voltar contigo...levas – me?