Electric Light Orchestra - Need Her Love (Remastered Audio)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Coisas Lidas
Era uma vez um catraio, disse anos atrás o tio Zebra, que cegava a mãe com tanta tropelia e a diabrura. Ia a banhar-se no rio e obrigava o seu anjo da guarda a molhar as saias para tira-lo de lá, ia a empoleirar-se no mais alto das arvores e lá tinha o anjo de bater as asas e pousa-lo em terra firme, ia para a linha do comboio e lá ficava o anjo com os canudos num palmito para pesca-lo da ventania da maquina, ia a meter-se na toca do lobo e tinha o anjo de acender a aureola para assustar o bicho, ate que um dia disse ao catraio, vê se me das descanso que eu tenho vinte mil anos e estou esfalfado da correria em que me fazes andar, vê se cresces, moço, que um anjo não é de pau. O moço pouco melhorou, andou o anjo naquela estafadeira anos e anos até que o moço cresceu e deu de se apaixonar por uma feiticeira que atraia os homens e os comia e deitava os restos ás suas hienas gargalhosas. Quando o moço ia a entrar na sua gruta o anjo perdeu a compostura e começou a dar-lhe carolos e a gritar, se entras aí não te posso valer, que essa mulher tem parte com o diabo e aqui á porta se acaba o meu poder. Mas ela saiu a espera-lo, era tão linda que até o anjo estremeceu na sua alvura, levou o moço para dentro e o pobre guardião ficou á porta a arrepelar os caracóis em desespero. Passada a noite, a feiticeira deitou fora os pedaços do moço que lhe sobraram e antes que viessem as hienas gargalhosas o anjo ali o costurou, já não era o moço de antigamente, faltava-lhe a melhor parte da carne, mas ainda mexia e disse ao anjo:
- Bendito que me protegeres e me coseres os bocados, mas em verdade te digo, se não tivesse ido lá de rojo a conhecer o diabo em forma de mulher, não te conhecia agora a bondade em forma de anjo. E seguiram o seu caminho e nunca mais se desavieram.
coisas lidas
(...)
Simão chegou a casa e sentou-se melancolicamente a jantar. Comeu bem, bebeu um pouco mais do que era habito.
Depois foi para o escritório onde a lareira arrefecia e pôs-se a espevitar o lume. Duas achas cruzadas sobre as brasas, o fole a atear a chama por debaixo, subiram labaredas felizes e ele deu – se por satisfeito. Ao erguer-se teve uma tremenda vertigem. Tentou agarra-se a qualquer coisa, mas desmaiou e caiu desamparado na pedra da lareira. Sentiu-se bem. Ficou ali deitado com a cabeça aberta, sem nenhuma dor, nenhuma mágoa, nenhuma tontura, nenhum remorso. Do pescoço finalmente livre despontaram penas iguais á do bordado. E de posse da sua prometida envergadura bateu asas. E voou.
(...) o melhor que a gente faz, sendo os peões, é por muita beleza no nosso quadrado, ora preto ora branco e tentar entender com o coração o que não entendemos com a cabeça.
(...)
Pensa no que tens e não no que não tens, ama o teu marido no teu coração, mas outros dias hão-de vir, com as suas alegrias e as suas tristezas e de todos hás-de tirar uma lição, uma inspiracao, um proveito, uma amargura ou um sorriso. Não andamos cá para compreender, mas para tentar sermos felizes.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.