Elephant by Damien Rice
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Coisas Mailadas (enviado por o Toninho)
Entre a consciência e o sonho, me deparei com uma grande sala. Ao me aproximar, percebi um guardião na porta que me disse.
- Ninguém pode entrar aqui. Aqui estão guardados os “Livros da Vida”.
Aquele que conseguir passar por esta porta poderá ter acesso ao seu livro e modificá-lo ao seu gosto.
Minha curiosidade era grande! Afinal, poderia escolher o meu destino.
Com minha insistência o guardião resolveu ceder um pouco e me disse:
- Está bem. Dou-te cinco minutos, e nem mais um segundo.
Eu nem acreditava! Cinco minutos era mais que suficiente para que eu pudesse decidir o resto da minha vida, afinal, poderia apagar e acrescentar o que eu quisesse no “Livro da minha vida”.
Entrei e a primeira coisa que vi foi o Livro da vida do meu pior inimigo.
Não aguentei de curiosidade. O que será que estava escrito no livro da vida dele? O que será que o destino reservava para aquela pessoa que eu não suportava?
Abri o livro e comecei a ler. Não me conformei: Verifiquei que sua vida lhe reservava muita coisa boa e não tive dúvidas. Apaguei as coisas boas e reescrevi o seu destino com uma porção de coisas ruins. Logo vi outro livro. De outra pessoa que eu não gostava e fiz a mesma coisa…
De repente me deparo com meu próprio livro!
Nem acreditei. Este era o momento… Iria mudar meu destino… Iria apagar todas as coisas ruins e iria reescrever só coisas boas. Seria a pessoa mais feliz do mundo!
Quando peguei o livro, eis que alguém bate no meu ombro:
- Seu tempo acabou! Pode sair.
Fiquei atônito!
- Mas eu não tive tempo nem de abrir o meu livro?
- Pois é, disse o guardião. Eu te dei cinco minutos preciosos e você poderia ter modificado o seu livro, mas, você só se preocupou com a vida dos outros e não teve tempo de ver a sua.
esta carta foihoje lida na aula de portugues. fui as lagrimas ao le-la.partilho-a com voces
Coisas Lidas
Não sou dona do tempo, nem de nenhuma verdade, a não ser daquilo que sinto. Mas o que sinto está cá dentro só eu vejo; e mesmo que te explique com todas as palavras do mundo, nunca saberei se me expliquei bem e, caso o tenha feito, se entenderás o que te digo exactamente da forma como te quis dizer, por isso é que ás vezes fico calada e espero que o tempo resolva os enigmas mais complexos.
(…)
Amor é tempo. E quando se ama, há sempre duvidas e medos, há sempre uma vontade secreta de outros desejos, de outras vidas, de outras viagens, mas vem o tempo e decide por nós aquilo que não somos capazes.
Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter connosco, nos esperamos. O verbo esperar torna – se tão imperativo como o verbo respirar. E aprendemos a respirar na espera, a viver nela, afeiçoando-nos a um sonho como se fosse verdade. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. E se calhar é por tudo isso que já aprendi a esperar, confiando á vida tudo o que não sei, ou não posso escolher. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.
Olho para o futuro e sonho com ele. Diante dos meus olhos desenha-se uma casa, um jardim, oiço o cantar dos pássaros e o riso das crianças; cheira a alecrim e a alfazema, já tenho alguns cabelos brancos e uso carrapito. E ao meu lado, todas as manhas, acordas devagar, abres os olhos e mergulhas nos meus. Vivemos um com o outro e também um bocadinho um para o outro, mas cada um tem o seu canto, a sua secretaria, os seus discos, os seus livros, o seu mundo. Somos duas alianças que se podem encaixar uma na outra, mas serão sempre duas, mesmo que escolham esconder-se uma na outra. Seremos dois em um, sem que cada um deixe de ser quem é, como é, com o tempo e com todos os encantos e defeitos.
O tempo é o que queremos fazer dele. Assim como é o presente um presente que podemos desembrulhar todos os dias. E o futuro é uma mistura dos dois.
Eu sei que o futuro para ti e apenas o tempo do verbo que aprendeste na escola a par com a tabuada e os nomes dos rios, mas acredita que é como Deus, ou qualquer outra abstracção; pode viver dentro de nos, mesmo que ninguém prove que existe. E eu preciso de imaginar o futuro para viver o presente. Preciso de sonhar com uma casa, um jardim, o cheiro a alfazemas e o carrapito de cabelos brancos, o sabor dos anos passados de uma vida em comum e o calor de um sonho construído dia a dia, a pulso, com os pés na terra e o coração no ar. E preciso de te poder amar para ser feliz. E como o mais comum de todos os mortais, também quero ser feliz.
O tempo, que me rouba energia, saúde, frescura na pele e brilho nos cabelos, que me come os dias e as noites, também é o mesmo que me traz a calma e a maturidade tão desejadas, a vontade e o desejo sempre mais forte de escrever, a paz alcançada dos sonhos que vou realizando e a tua presença na minha vida, após tristezas e desertos, sonhos que não eram verdade porque nunca foram, ao contrario daqueles que tenho contigo.
Gostava de ser a aliança de dentro, a que se encaixa na outra, protegendo-me da parte do mundo que não quero sonhar, guardando me para a vida contigo. Gostava de ficar lá dentro, presa nos teus dedos, a sonhar um presente e um futuro que pode ser o que nos quisermos, se o quisermos. Dois em um, num mundo feito á nossa medida, ao sabor dos sonhos. Basta querer.
DE MARGARIDA REBELO PINTO LIDO JN DE 12 SETEMBRO 2004
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