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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

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Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

18
Jun10

AS MADRUGADAS DE LINDA LÊ LIDO IV

AnnaTree

coisas lidas

(...)

talvez eu lhe tivesse herdado o pendor para a tristeza. Mal acabara de dizer isto, passou a acusar-me de não o ter salvo, a ele, o melancólico de nascença, sendo outro que nunca fui, uma criança solar que teria trazido alegria a casa, felicidade ao seu coração. Somos demasiado parecidos para que me possas amar, acabou por deixar escapar. Senti um estremecimento, mas não reagi. Ele continuou no mesmo tom melancólico: tu és o fruto de uma figura ressequida e trazes em ti os mesmos germes de angustia, mas tu soubeste revoltar-te, mesmo se isso te custou a vida. Desejo que a noite na qual estas agora mergulhado te traga mais felicidade do que a claridade em que me movimento e que nunca me deu a ver senão injurias. Falou e foi-se embora. Á porta, acrescentou: gostaria de te ter amado.

(...)

Vega, o quadro que oferecem os meus pais, pensas nos teus. Não sabes nada deles desde os quinze anos, desde essa manhã em que , desperta a aurora libertadora, deixaste a sua casa. Pensas no carniceiro bebeado da coelra de Júpiter, ao descobrir a gaiola vazia, que o pássaro tinha levantado voo, e na sua mulher de voz frouxa, que ignorava ou fingia ignorar o pecado do marido e não ousava uma palavra para te justificar, tal era o seu medo aos rugidos do senhor e mestre. Cointunuaram a viver juntos.(...) mantêm-nos acorrentados nessa jaula que tu recordas como a antecâmara do inferno: o pecado dos pais ferve num caldeirão ao qual são lançadas as crias. Dizes-me,Veega, que o rancor não te venceu. O carniceiro surge-te  como uma besta vil, que nem sequer tev consciência da mosntrusidade do seu acto. O remorso não o visita.(...) a tua historia é uam historia sórdida que se desnrola numa pequena vila de provinvcia. Terias visto todos os notáveis , todos os pais facínoras, levantarem-se em defesa da honra do carniceiuro, seu par banacheirao de faces escarlates, que eles considerariam incapaz de fazer mal a uma mosca. Seria contra ti que se teria virado o exercito de homens de boa vontade, sempre prontos a dar caça á fêmea provocadora, perdição do cidadão honesto. Teria apedrejado a jovem feiticieira de rosto seráfico, teriam pregado numa estaca a bacante cujo olhar pudico escondia pensamentos criminosos, teriam esfolado a raposa com pele de cabra. A multidão ter-te -ia despedaçado, minha bela Vega, sem te dar tempo a um gemido. Mesmo a tua mãe teria testemunhado contra ti, a tal ponto era terrível o domínio que exercia sobre ela o carniceiro. Nunca teria ousado levantar a cabeça para aponrtar o culpado, ter-se-ia sacrificado a malediciencia da populaça.(...) sê alegre, meu amor, s~e feliz por teres conseguido fugir.

 

16
Jun10

AS MADRUGADAS DE LINDA LÊ LIDO III

AnnaTree

coisas lidas

 

(...)

encontravam-se frente a frente, como dois soldados que já não sabem porque combatem, mas que continuam a bater-se porque o outro é um inimigo que se odeia como duplo e se ama como razão de ser.

(...)

o meu nascimento não tinha separado os adversários senão para melhor os lançar um contra o outro.

(...)

 a sua historia é a daqueles casais que se salvam pelo ódio e tecem, com uma febril idade maníaca, as redes que os aprisionam

(...)

os pais e os filhos são feitos para se devorarem mutuamente.

(...)

acolheu com pesar a noticia do meu suicídio falhado. Lembro-me da sua visita ao hostil, do seu longo silencio e da sua exclamação: mesmo assim, conseguiste escapar! Não restava nenhuma duvida de que o meu pai teria gostado de me ver morto. Era-lhe insuportável que eu tivesse tentado o que ele toda a vida encarara como o gesto decisivo, o remédio para todas as suas angustias, a verdade de uma experiencia que apenas soltava balbuciamentos nostálgicos para gritar o medo do vazio. Que a minha tentativa tivesse falhado era-lhe ainda mais insuportável, quando via em mim um mártir e pressentia, com lucidez, que ele, ele e a sua vida sinistra com a minha mãe, exposta á minha repugnância, era o culpado do meu desejo de morrer, quanto mais não fosse para nunca me parecer consigo. Leu no meu gesto uma condenação, na minha perda de visão uma censura, uma forma de lhe dizer a minha magia. Os pais e os filhos são feitos para se devorarem mutuamente e, ate as fronteiras da morte, a competição prossegue, a luta mantém-se . o meu pai mostrou-se primeiro conciliador . lembrou-me a corda de que me tinha salvo em criança.

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