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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

31
Ago10

Lido em : http://eroticidades.blogspot.com/

AnnaTree

Coisas já postadas noutra arvore

 

Prometo ser desobediente
E contestar todas as regras
Que não entenda, que não apreenda
Que não me expliquem
E que interfiram com a minha liberdade.
Prometo ser inconformada
Se ser conforme for assumir formas
Que não a minha
E conformada for aceitar
A imposição e aborrecimento duma rotina.
Prometo ser mal-educada
E mandar à merda quem me disser:
Sê conformada, tem paciência
A vida é isto, a vida é assim.
Prometo ser inconveniente
Se a conveniência não me servir
E conveniência for conivência
Aceitação, anulação e conformismo.
Ninguém nasce de trela e mordaça
Portanto, eu
Prometo ser eu!
Desobediente, inconveniente
Inconformada, mal-educada
E mandar à merda vida e regras
Quando e se me apetecer.

In "Encandescente", pág. 21, edição Polvo 2005

 

27
Ago10

Quando eu nasci

AnnaTree

Quando eu nasci,

Ficou tudo como estava,

Nem homens cortaram veias,

Nem o sol escureceu,

Nem houve estrelas a mais...

Somente,

Esquecida das dores,

A minha mãe sorriu e agradeceu

Quando eu nasci

Não houve nada de novo,

Senão eu.

As nuvens não se espantaram

Não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,

Bastava

Toda a ternura que olhava

Nos olhos da minha mãe...

Sebastião da Gama In Serra Mãe 

25
Ago10

O TRANSPARENTE E O INVISÍVEL POR EDUARDO SÁ NM

AnnaTree

Coisas Penduradas na outra arvore de letras

 

(...)

Imagino que sejam, por isso, tão importantes as escondidas. (seja quando cabemos debaixo de uma fralda, atrás do cortinado, ou sob a cama mais baixinha). Não que queiramos que nos percam. Não. Mas, antes que nunca desistam de nos descobrir (e, num jeito único ou especial, não deixam de vir ao nosso encontro). Há uma diferença entre sermos transparentes e tornarmo-nos invisíveis. Na verdade, a transparência não é um jeito de ser. Mais parece uma graça que desce, de surpresa, sobre duas pessoas e, ao contrário da névoa (que separa), as liga num mesmo bem-querer.

Mas se, aos poucos, nos sentirmos desconhecidos de quem gostávamos que gostasse de nos, silencia-se primeiro, um gesto e, depois, encobre-se um olhar e, logo logo, a indiferença pousa onde, antes, vivia o desejo de sermos descobertos. Depois, o coração «ouriça-se»... E desistimos. Tornamo-nos invisíveis devagar. E sempre que não somos transparentes. (que estranho! Olharem para nós devia ser, mais vezes: «olha por nós») afinal, só nos fechamos para os outros quando eles desistem de nos adivinhar. E só deixamos de ser crianças, para sempre, quando, infelizmente, deixa de ser hábito que nos aconcheguem as ideias e nos cubram (e acalentem) os arrepios que as desilusões logo nos trazem.

 

 

 

23
Ago10

Impressões da Viagem a Angra Reis

AnnaTree

Coisas Penduradas na outra arvore de letras sexta-feira, 21 de Outubro de 2005

 

 

Continuo sentada na areia, sinto uma enorme nostalgia pela partida.

Neste continente o corpo está mais próximo da natureza, comunga com ela. É tudo grande como o jardim da infância.

Aqui podia ser a minha casa, olho o morro em frente todo verdejante sem casas, penso em como deve ser fácil comprar ali um terreno e fazer , deixo-me ir nas asas do sonho  , primeiro uma cabana de madeira ir aumentando cabana a cabana até ficar um ponto no morro em que a madeira das arvores se confundisse com a madeira das cabanas onde, como diz a Elis , pudesse juntar todos aqueles que amo, alguns discos , muitos livros e nada mais.

Acordo do sonho, o morro continua ali, verdejante. O sol queima-me a pele e começo a achar que são horas de partir. Ouço a voz do Martinho a cantar:

Uma casa nos ares (La Casa en el aire)
Rafael Calixto Escalona (Versão de Martinho da Vila)
Part. Especial: Rosário Flores

Sonho fazer uma casa nos ares
Será somente para tu viveres
Do ar verás montanhas e mares
Nas nuvens brancas, sem os afazeres
Os teus dias serão mais bonitos
Vivendo acima deste mundo
Com os arcanjos e os angelitos
Velando sempre teu sono profundo
Num lugar onde ninguém vá lá
Para ver la luz de las nubes
Nenhum ser conseguirá chegar
Para ver la luz de la inmensidad.
Eu vou fazer uma casa nos ares
Pa´que no te moleste nadie
Eu vou fazer uma casa nos ares
Pa´que no te moleste nadie

Como esta casa no tiene cimientos
que es un invento que he inventado yo
me la mantienen en el firmamento
los angelitos que le pido a Dios (bis)
Se te preguntan cual es el motivo
de hacer esta casa en el aire
la única forma de vivir tranquilo
ese camino ninguno no lo sabe

la única forma de vivir contigo
ese camino ninguno no lo sabe

Por que el que no vuela no sube
Pra te ver lá na imensidade
porque el que no vuela no llega allá
Penetrar na casa anuviada
Te voy a hacer una casa en el aire
Pra que não te incomode nada
Te voy a hacer una casa en el aire
Pra que não te incomode nada

Si te preguntan como se sube, decirles
que algunos se han perdido
para ir al cielo sé que no hay camino
nosotros dos iremos en una nube

Se perseguirem nossos caminhos
Lá pelas prumas ficarão perdidos
Só tu eu vamos viver nas nuvens
Muito felizes e bem protegidos
Num lugar onde ninguém vá lá
para ver la luz de las nubes
Eu vou fazer uma casa nos ares
para ver la luz de la inmensidad
Eu vou fazer uma casa nos ares
Pa´que no te moleste nadie

12
Ago10

O MEU PRIMEIRO ENCONTRO COM A MINHA ESPOSA POR ANTÓNIO LOBO ANTUNES

AnnaTree

Coisas lidas

 

Desculpe mas quando você respondeu ao meu anúncio de casamento não esperava que fosse exactamente assim. Não é uma critica, mão me leve a mal, não estou de forma nenhuma a desfazer, o que acontece é que a sua carta chegou e pela letra imaginei coisas, percebe, a gente imagina sempre coisas, a cara, o sorriso, a voz, será alta, será magra, será morena, terá os olhos assim e assado, como será, perdoe o atrevimento, o corpo, claro que ao marcar encontro consigo sabia que não ia dar com uma modelo nem uma artista de cinema, que tinha cinquenta e dois anos, media um metro e sessenta, pesava setenta e dois quilos, trabalhava num banco, se chamava Aldina, gosta de ler, de passear, ir á praia, conviver com gente sã e honesta, que se não fosse assunto serio escusava de lhe telefonar, alias para ser franco a sua resposta foi a única que me entregaram no jornal, até perguntei á empregada quando ela me deu a carta

- É só esta?

E a empregada a medir-me de alto a baixo

- E vai cheio de sorte que se o anúncio tivesse fotografia não havia nenhuma

E eu que me visto decentemente que nem sou defeituoso tirando o problemazinho do pé, a fitar a empregada sem entender e a empregada muito pronta

- Já se viu ao espelho?

Mas mesmo que ela tenha razão não esperava que você fosse exactamente assim.

Não tem nada que ver com a beleza ou a perfeição nos traços ou o modo de arranjar-se ou a gordura, essas coisas são menos importantes para mim do que julga e depois uma senhora forte é agradável, é sinal de saúde, se por acaso eu não for capaz de abrir a lata de conservas com o martelo você vai lá com o dedinho e trucla, não é que faltarem-lhe os dentes á frente me preocupe, é da maneira que se gasta menos em bife e mais em puré de batata e economizam-se uns tostões que o talho anda pela hora da morte, se me permite a sinceridade o que me incomoda é o seu olho esquerdo, quer dizer o direito vê-me, noto que me vê, mas o esquerdo parece amuado comigo, sem me ligar nenhuma, desviado para o canto da pálpebra com ar aborrecido, eu bem me inclino e ele a fugir de mm enquanto o direito me persegue, o que me incomoda é, não saber qual dos dois é o verdadeiro, se o direito apaixonado se o esquerdo, indiferente, se o direito que me observa se o esquerdo que nem a miséria de um solaiozinho me deita, o direito já não tão apaixonado agora nem aborrece como o outro, o direito zangado, o direito furioso, espere aí, esteja quieta, repare que sou coxo e não posso fugir, não agarre assim na carteira enorme e com todo o aspecto de ter um tijolo lá dentro, deixe a carteira em paz, ainda lhe estraga a alça, ainda lhe estraga o fecho, é uma pena estragar uma carteira que custou de certeza um dinheirão, deixe-me ir á casa de banho num instantinho que eu já volto, não me prenda o braço, repare toda a gente aqui no café a observar-nos, repare na expressão do gerente, largue-me, juro que me caso consigo mas larga-me, se você me largar vou direitinho ao supermercado, compro duas latas de Cerelac por causa da sua falta de dentes e começamos já hoje, já agora, já aqui a ser felizes, que bom o seu olho direito outra vez apaixonado, que bom a sua carteira quietinha na mesa, chamo-me Abílio Conceição Pedrosa, trabalho na companhia de gás, muito prazer minha senhora, desculpe não me aperte a mão com tanta energia, não me esmague os ossos, o que eu queria dizer era muito prazer querida, o que eu queria dizer, não me desloque o ombro, era muito prazer amor.

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