16 de Maio de 1828Os acontecimentos JOAQUIM JOSÉ DE QUEIRÓS URDE A REVOLUÇÃO III
Coisas da minha família
NA MADRUGADA DE 16 DESPONTA A LIBERDADE
A Primavera estava no auge. Desabrochavam mil flores, desde as rosas sangrentas aos queridos amores-perfeitos. Não faltariam também os martírios...
Na madrugada do dia 16, e conforme estava determinado, a Revolução deflagrou. É nos céus de Maio que se desencadeiam as maiores trovoadas, que surgem os mais estonteantes clarões... Ainda o sol vinha longe, reuniram-se, na moradia do corregedor Francisco António de Abreu e Lima, Joaquim José de Queirós, Manuel Maria da Rocha Colmieiro, Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão e José Júlio de Carvalho. Analisados os últimos pormenores, foi dada ordem para que formasse o Batalhão de Caçadores 10. Batiam as 7 horas e principiavam a escutar-se, nas ruas ainda mal despertas da cidade, vivas à Carta, a D. Pedro IV, à Rainha D. Maria lI! Erguia-os, imitando Queirós, que soltara as primeiras aclamações na Praça do comércio, um grupo de entusiastas liberais dirigido pelo bravo Evaristo Luís de Morais — mais tarde morto gloriosamente em combate — e de que faziam parte, entre outros, seus irmãos João, António e Jerónimo e também Francisco Silvério de Magalhães Serrão, João de Melo Freitas, João dos Santos Resende, José Pacheco de Almeida, António da Cunha Toscano e Manuel António Loureiro de Mesquita.
Seguidamente, na Câmara Municipal procedeu-se à aclamação da Rainha D. Maria II. Além das mais gradas figuras da Causa Liberal, compareceu a maioria da oficialidade do Batalhão de Caçadores 10 — que tão nobremente se havia de comportar nos combates / p. 6 / e no desterro — e o povo, esse povo eterno que argamassa as nações.