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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

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Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

16
Jan11

MEIA CULPA, MEIA PROPRIA CULPA por Mia Couto

AnnaTree

 

 

 

Nunca  quis. Nem muito, nem parte. Nunca fui eu, nem dona, nem senhora. Sempre fiquei entre o meio e a metade. Nunca passei d meios caminhos, meios desejos, meia saudade. Daí o meu nome: Maria Metade.

Fosse eu invocada por voz de macho. Fosse eu retirada da ausência por desejo de alguém. Me tivesse calhado, ao menos, um homem completo, pessoa acabada. Mas não, me coube a metade de um homem. Se diz, de lingua girada: o meu cara-metade. Pois aquele, nem meu, nem cara. E se metade fosse, não seria só a cara, mas todo ele, um semimacho. Para ambos sermos um casal , necessitaríamos , enfim , de sermos quatro.

A meu esposo chamavam Seis. Desde nascença ele nunca ascendeu a pessoa. Em vez de nome lhe puseram um numero. O algarismo dizia toda a sua vida: despegava as seis, retornava as seis. Seis irmãos, todos falecidos. Seis empregos , todos perdidos . e acrescento um segredo : seis amantes, todas actuais.

Das poucas vezes que me falou, nunca para mim olhou.. estou ainda por sentir seus olhos pousarem em mim. Nem quando lhe pedi , em momento de amor: que me desaguasse uma atenção. Ao que retorquiu:

- tenho mais onde gastar meu tempo.

Engravidei, certa vez. Mas foi semiprenhez. Desconcebi , em meio tempo, meio sonho, meia esperança. O que eu era; um gasto, um extravio de coisa nenhuma. Depois do aborto, reduzida a ninguém , meu sofrer foi ainda maior. Sendo metade , sofria pelo dobro.

Pede-me o senhor que relate o sucedido. Quer saber o motivo de estar nesta cadeia, desejando ser condenada para o resto deste nada que é a minha vida? O senhor que é escritor não se ponha já a compor. Escreva conforme, no respeito do que confesso. E tal e qual.

Pois, conforme lhe antedisse: a verdade não confio a ninguém. Verdade é luxo de rico. A nós, menores de existência , resta-nos a mentira . sou pequena, a minha força vem da mentira. A minha força é uma mentira. Não é verdade, senhor escritor?

Por isso , lhe deitei o aviso: eu minto até a Deus. Sim, Lhe minto, a Ele. Afinal, Deus me trata como meu marido: um nunca me olha, o Outro nunca me vê. Nem um nem outro me ascenderam a essa luz que felicita outras mulheres. Sequer um filho eu tive. Que ter-se filhos não é coisa que se faça por metade. E metade eu sou. Maria Metade. Agora, o que aspiro é ficar em sombra perpetua. Condenada por crime maior: apunhalar meu marido , esse a quem prestei juramento de eternidade. É por causa desse crime que o senhor está aqui, não é assim?

Pois lhe confesso: aqui, penumbreada nesta prisão, não sofro tanto quanto sofria antes. É que aqui , sabe ,não sofro tanto quanto sofria antes. É que aqui, sabe, acabo saindo mais que lá em minha casa natal. Vou onde? Saio pelo pé de meu pensamento. Por via de lembrança eu retorno ao cine olympia, em minha cidade de outro tempo. Sim, porque depois de matar o Seis reganhei acesso a minhas lembranças. É assim que, cada noite, volto á matine das quatro de minha meninice. Não entrava no cinema que me estava interdito. Eu tinha a raça errada, a idade errada, a vida errada. Mas ficava no outro lado  a assistir ao riso dos alheios. Ali passavam as moças belas, brancas, mulatas algumas. Era lá que eu sonhava. Não sonhava ser feliz, que isso era demasiado em mim. Sonhava para me sentir longínqua, distante até do meu cheiro. Ali, frente ao cinema  Olympia, sonhei tanto até o sonho me sujar.

Regressava a horas, entrava em casa pelas traseiras para não chorar ante os olhos sofridos de minha mãe. Minha fatia de tristeza era uma ofensa perante as verdadeiras mágoas dela. Regressava depois do quarto, olhos repostos, fingindo uma alegriazita. Minha mãe se apercebia do meu estado, desembrulho sem prenda. E me dava conselho:

- sonhe com cuidado, mariazita. Não esqueça , você é pobre. E um pobre não sonha tudo, nem sonha depressa.

Vantagem da prisão é que todo o dia é domingo, toda a hora é de matine das quatro. É só meu sonho dar um passo e eu já vou sentando minha privada tristeza no passeio publico. Volto onde não amei , mas sonhei ser amada. É só um passo e eu atravesso o passeio publico. E não mais precisarei de invejar o sorvete, o riso, a risca no penteado.

Pouco restou da minha cidadezinha. Onde era terra sem gente ficou gente sem terra. Onde havia um rosto, hoje há poeira. O trilho das goiabas se asfixiou no asfalto. Nem a chuva tem onde repousar. A cidade se foi assemelhando a todas as outras. Nessa parecença , o meu lugar foi falecendo. Nessa morte foi levada minha lembrança de mim. A única memoria que me resta : a migalha de um tempo, o único tempo que me deu sonhos. Sob vigilância de minha velha mãe, eu cuidava de não sonhar tudo, nem depressa. Ainda que fossem metades de sonhos, esses pedaços ainda me adoçam o sono, deitada no frio d cela.

O senhor não está aqui por mim. Mas por minha historia. Isso eu sei e lhe concedo. Quer saber como sucedeu? Foi em tarde de cinza, o céu descido abaixo das nuvens. Eu pretendia era revirar pagina de um despedaçado livro. Descosturar-me desse Seis, meu marido. Eu queria me ver separada dele para sempre, desunidos até a morte nos perder de vista. Até não ser possível morrermos mais.

Naquela vez, já a decisão me havia tomado . fui recebe-lo na porta, a roupa abotoada  por metade, o punhal escondido em minha mão. Chovia, de lavar céu. Eu mesma me aguei aos olhos de Seis. Brinquei, provoquei, mostrei o cinto distraída, desapertado. Provoquei com perfume que minha vizinha me emprestou.

- você quer-me molhada pela chuva?

-quero-lhe é mais molhada que chuva.

Então, quase derrapei em minha decisão. Estava –se emendando fatalidade? É que, por primeira vez, meu marido me olhou. Seu rosto se emoldurou, único retrato que comigo guardo. Para disfarçar, revirei a chuinga entre os lábios, fiz adivinhar o veludo da carícia. Mas o gesto já estava fadado em minha mão, e num abrir sem fechar de olhos, o meu Seis, que Deus tenha, o meu Seis estava todo pronunciado no chão. Decorado com sangue, aos ímpetos, mapeando o soalho.

Relatei o sucedido, tudo de minha autoria. Mas não confesso crime ,senhor. Não, afinal, não fui eu que lhe tirei a vida. A vida, a bem dizer, já não estava nele. O que sucedeu, sim, foi ele tombar sobre o punhal, tropeçando em sua bebedeira. O Seis , meu seis, se convertera meia dúzia. A condizer com a minha metade de destino.

Não o matei. E disso tenho pena. Porque esse assassinato me faria sentir inteira. Por agora, prossigo metade, meio culpada, meio desculpada.

Por isso lhe peço, doutor escritor. Me ajude numa mentira que me dê autoria de culpa. Uma inteira culpa, uma inteira razão de ser condenada. Por maior que seja a pena, não haverá castigo maior que a vida que já cumpri. E agora, por amor dessa mentirosa lembrança. O senhor me abra a porta do cine olympia. Isso ,me faça esse obsequio, lhe estou agradecendo. Para eu , finalmente, espreitar essa luz que vem de trás, da maquina de projectar, mas que nos surge sempre pela frente. E sente-se comigo, aqui ao meu lado ,a assistirmos  a esse filme que está correndo.

Já vê, lá na tela, o meu homem, esse que chamam de Seis? Vê como ele, agora, no escurinho da sala esta olhando para mim? Só para mim, so para mim, só.

14
Jan11

BECAUSE THERE ARE THINGS YOU NEVER FORGET...(english subtitles)

AnnaTree
´

 


O filme «Porque Hay Cosas que Nunca se Olvidan», do realizador Lucas Figueroa, entrou para o Livro Guinness dos Recordes como a curta-metragem que mais prémios ganhou: 259 galardões.

São 13 minutos em que o futebol é a razão de um desfilar de humor negro que o realizador nascido na Argentina e radicado em Espanha tem levado por vários festivais ao longo de dois anos.

Com «actores» que tratam o futebol por «calcio», não se espante quando vir Fabio Cannavaro e Amadeo Carboni entre os cabeça-de-cartaz de um elenco em que os miúdos estão em maioria.

11
Jan11

Inundação por Mia Couto

AnnaTree

 

 

 

coisas lidas

 

 (…)

A casa, aquela casa nossa, era morada mais da noite que do dia. Estranho, dirão. Noite e dia não são metades, folha e verso? Como podiam o claro e o escuro repartir-se em desigual? Explico. Bastava que a voz de minha mãe em canto se escutasse para que, no mais lúcido meio-dia, se fechasse a noite. Lá fora, a chuva sonhava tamborileira. E nós éramos meninos para sempre.

 

 

 

09
Jan11

O dono do cão do homem por Mia Couto

AnnaTree

 

coisas lidas

 

Conto-vos como fui traído não pela minha amada, mas pelo meu cão. Deixado assim sem palavra , sem consolo. Devia haver um hotel para donos de cães abandonados pelos bichos. Com ligas de amigos e associações de protecção e senhoras benfazejas, ajustando consciência em leiloes de caridade. Não se trata de concluir sobre a geral ingratidão canina. Apenas um aviso dos outros dedicados e fies donos de bichos.

Sou um qualquer da vulgar raça humana, sem comprovado pedigree e, se tiver cabimento em jornal, será nas paginas dos anúncios desclassificados. Já o meu cão, ao contrario, é de apurada raça, classe comprovada em certificado de nascença. O bicho é bastante congénito, cheio de hereditariedade. Retrivier, filho de Retrivier, neto de bisneto. Na pura linha dos ancestrais, como os reis em descendência genealógica. Mais caricato é o nome com que já vinha baptizado. Esse nome, de tão humano, quase me humilha: Bonifácio. Nome de bicho? Vou ali e não venho.

Aos fins da tarde, eu o levava a passear. Isto é: ele me arrastava  na trela. Bonifácio é que escolhia os atalhos, as paragens, a velocidade. E houve vezes que, para não dar inconveniências, eu me rebaixei a ponto de lhe recolher o fedorento cocó. Prestei tal deferência aos meus próprios filhos? Depois de toda esta mordomia, as pessoas atentavam apenas nele:

- belo exemplar, lindo bicho. – diziam.

Quando me notavam era por acidente ou acréscimo. Eu, humildemente eu, na outra extremidade da trela. Eu , o atrelado, de simples raça humana , sem prova de pureza. O meu cão, senhor e dono, estava acima dos verbos animais. Não cheirava : aspirava os sofisticados odores das arvores. Não urinava. Se aliviava com dignidade, mais a fio de aprumo. E se sujava a rua, não era ele o imundo: as vergonhas eram –me endereçadas a mim e só a mim.

A minha disposição ia agravando á medida dessas, injustiças a ponto de eu já rosnar quando atrelava o Bonifácio. Essa contrariedade devia traduzir-se em meu rosto, quando, certa vez, me perguntaram :

- morde?

Respondi que não, estivessem á vontade e se aproximassem do bicho.

- não me referia ao cão, mas a si.

Foi o primeiro alerta. Me assaltou o receio: um dia me obrigariam a usar açaimo. E apresentar certidão de vacina.

Passei a evitar sair com o bicho. Apenas quando a cidade se desabitava, e já nem os nocturnos uivos ecoavam pelo becos., é que eu ousava passear o Bonifácio. Pois foi numa dessas vezes que ele , obediente á sua natureza canina, desfechou umas tantas dentadas num gato. Aquilo deu alarido e pedidos de responsabilidade. E foi  mim que se dirigiram, nervosos:

- está vacinado?

- quem eu? – inquiri, já desvalido.

Não houve mais replica, nem tira teimas. Ser dono de gato tem maiores vantagens: a pessoa se convence que ou o bicho é virtual ou existe apenas em horas próprias. Mas, dentro de mim, não descacimbava a duvida: desconfiavam que tivesse sido eu a morder? Eu já estava perdido, invalido para direitos humanos. Como se podia suspeitar que, entre eu e o Bonifácio, seria eu o mordedor? Bem sei que a boca humana alberga os ditos dentes caninos. E no focinho de Bonifácio morava um sorriso de imaculada inocência.

Para fecho de caso felino, tive que acarretar  todas as culpas e indemnizações. E Bonifácio, em alegre displicência, pronto para outros ataques a gatos inocentes e civis. Aquilo foi o transbordar . o melhor amigo do cão é o homem? Pois eu, por amor de mim, decidi fugir de casa, deixar para trás tudo,  vizinhos, amigos, os gastos e os ganhos de uma vida inteira. E nem me dei mal, tal era o alivio de não ter que me manter domestico e domesticado.. feliz, me alojei em toca bruta, numa arrecadação vaga no jardim publico. Desfrutando autentica vida d e cão . ali me deitavam uns restos. Ás vezes, com mais sorte, uns doggy-bags. Saudoso da minha pessoal existência de pessoa? É que pensar já nem era verbo para mim. Homem que ladra não morde, eu ladrava e a caravana passava.

Ate que uma destas tardes, meu cão, o tal Bonifácio, surgiu no horizonte do relvado. Vinha-se arrastando pelo parque, tristonho como um Outono. Quando me viu, a cauda quase se lhe desatou, em violentas pendulações. Correu em minha direcção e, saltitonto, me lambuzou. Ele parecia tão contente que, por momentos, meu coração vacilou e meus olhos se inundaram. Ao chegar-se , mais próximo, vi que trazia uma trela na boca. Agitou-a como que sugerindo para eu o conduzir , uma vez mais ,pelos cheirosos caminhos.

- oh, como é esperto! – comentavam os presentes, comovidos.

- fui eu que o ensinei – cometei ,todo ufano.

-referíamo-nos a si, meu caro.

Foi o culminar, a gota transbordante. Nem me faltava falar, era o que eu deveria ter acrescido. Mas não falei, nem ladrei. E é sem fala que deixo o meu lamentoso destino. Só a ultima pergunta: haverá um concurso para homens adestrados? Não me respondam a mim. Quem quer saber é o Bonifácio, meu antigo dono e senhor. É isso que eu leio em seus olhos sempre que ele passa, alto e altivo, pelo parque onde eu vou trocando culpas com outros canídeos, meus colegas de infortúnio.

Mia Couto o fio das missangas

06
Jan11

O CESTO por Mia couto(o fio das missangas)

AnnaTree

 

coisas lidas

 

 Pela milionésima vez me preparo para ir visitar meu marido ao hospital. Passo uma água pela cara, penteio-me com os dedos, endireito o eterno vestido. Há muito que não me detenho no espelho. Sei que, se me olhar, não reconhecerei os olhos que me olham. (…) Hoje será como todos os dias: lhe falarei, junto ao leito, mas ele não me escutará. Não será essa a diferença. Ele nunca me escutou. Diferença esta na marmita que adormecerá, sem préstimo, na sua cabeceira. Antes, ele devorava os meus preparados. A comida era onde eu não me via recusada. (…) O meu homem deram transfusão de sangue. Para mim, o que eu queria era transfusão de vida, o riso me entrando na veia até me engolir, cobra de sangue me conduzindo á loucura. Desde o mês passado que evito falar. Prefiro o silêncio, que condiz melhor com a minha alma. Mas a não haver conversa nos deu outro laço entre nós. O silêncio abriu um correio entre mim e o moribundo. Agora, pelo menos, já não sou mais corrigida. Já não recebo enxovalho, ordem de calar de abafar o riso. (…) Eu lhe escreveria uma carta, feita só de desabotoada gargalhada, decote descaído, feita de tudo o que ele nunca me autorizou. E nessa carta, ganharia coragem e proclamaria: - Você, marido, enquanto vivo me impediu de viver. Não me vai fazer gastar mais vida, fazendo demorar, infinita, a despedida. (….) No funeral, o choro será assim, queixo erguido para demorar a lágrima, nariz empinado para não fungar. Dessa feita, marido, não será você, mas serei eu o centro. A sua vida me apagou. A sua morte me fará renascer. Oxalá você morra, sim, e quanto antes. (…) - Seu marido morreu. Foi esta noite. Eu estava preparada, aquilo já tanto acontecera, que nem procurei amparo. Depois de tanta espera, eu já queria que sucedesse. Mas ainda depois de descobrir no espelho essa luz que, toda a vida, se sepultara em mim. Saio do hospital á espera de ser tomada por essa nova mulher que em mim se anunciava. Ao contrário de um alívio, porém me acontece o desabar do relâmpago sem chão onde tombar. Em lugar do queixo altivo, do passo estudado, eu me desalinho em pranto. Regresso a casa, passo desgrenhado, em solitário cortejo pela rua fúnebre. Sobre a minha casa de novo se tinha posto o céu, mais vivo que eu. Na sala corrijo o espelho, tapando-o com os lençóis, enquanto vou decepando às tiras o vestido escuro. Amanhã, tenho de me lembrar para não preparar o cesto da vista.

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