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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

28
Out11

Desejo Vitor hugo

AnnaTree

Coisas Declamadas

 

Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar

E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo

Desejo depois, que você seja útil
Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor

Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.

Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada

Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
"Isso é meu"
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem

Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar

Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar

E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar

Victor Hugo

Victor Hugo (26 de fevereiro de 1802 - 22 de maio de 1885) foi um escritor francês, autor de Les Miserábles (Os Miseráveis

26
Out11

El Derecho al Delirio por Eduardo Galeano

AnnaTree

 

.Coisas declamadas

 

(...) Aunque no podemos adivinar el tiempo que será, sí tenemos, al menos, el derecho de imaginar el que queremos que sea. En 1948 y 1976 las Naciones Unidas proclamaron extensas listas de derechos humanos; pero la inmensa mayoría no tiene más que el derecho de ver, oír y callar. ¿Qué tal si empezamos a ejercer el jamás proclamado derecho de señar? ¿Qué tal si deliramos por un ratito?

Vamos a clavar los ojos más allá de la infamia, para adivinar otro mundo posible: el aire estará limpio de todo veneno que no venga de los miedos humanos y de las humanas pasiones; en las calles, los automóviles serás aplastados por los perros; la gente no será manejada por el automóvil, ni será programada por la computadora, ni será comprada por el supermercado, ni será mirada por el televisor; el televisor dejará de ser el miembro más importante de la familia, y será tratado como la plancha o el lavarropas; la gente trabajará para vivir, en lugar de vivir para trabajar; se incorporará a los códigos penales el delito de la estupidez, que cometen quienes viven por tener que ganar, en vez de vivir por vivir nomás, como canta el pájaro sin saber que canta y como juega el niño sin saber que juega; en ningún país irán presos los muchachos que se nieguen a cumplir el servicio militar; si no los que quieran cumplirlo; los economistas no llamarán nivel de vida al nivel de consumo, ni llamarán calidad de vida a la cantidad de cosas; los cocineros no creerán que a las langostas les encanta que las hiervan vivas; los historiadores no creerán que a los países les encanta ser invadidos; los politicos no creerán que a los pobres les encanta comer promesas; la solemnidad se dejará de creer una virtus, y nadie tomará en serio a nadie que no sea capaz de tomarse el pelo; la muerte y el dinero perderán sus mágicos poderes, y ni por defunción ni por fortuna se convertirá el canalla en virtuoso caballero; nadie será considerado héroe ni tonto por hacer lo que cree justo en lugar de hacer lo que más le conviene; el mundo ya no estará en guerra contra los pobres, si no contra la pobreza, y la industria militar no tendrá más remedio que declararse en quiebra; la comida no será una mercancía, ni la comunicación un negocio, porque la comida y la comunicación son derechos humanos; nadie morirá de hambre, porque nadie morirá de indigestión; los niños de la calle no serán tratados como si fueran basura, porque no habrá niños de la calle; los niños ricos no serán tratados como si fueran dinero, porque no habrá niños ricos; la educación no será el privilegio de quienes pueden pagarla; la policía no será la maldición de quienes no pueden comprarla; la justicia y la libertad, hermanas siamesas condenadas a vivir separadas, volverán a juntarse, bien pegaditas, espalda contra espalda; una mujer, negra, será presidenta de Brasil y otra mujer, negra, será presidenta de los Estados Unidos de América; una mujer india gobernará Guatemala y otra, Perú; en Argentina, las locas de Plaza de Mayo serán un ejemplo de salud mental, porque ellas se negaron a olvidar en los tiempos de la amnesia obligatoria; la Santa MAdre Iglesia corregirá las erratas de las tablas de Moisés, y el sexto mandamiento ordenará festejar el cuerpo; la Iglesia también dictará otro mandamieto que se le había olvidado a Dios: "Amarás a la naturaleza, de la que formas parte"; serán reforestados los desiertos del mundo y los desiertos del alma; los desesperados serán esperados y los perdidos serán encontrados; porque ellos son los que desesperaron de tanto esperar y los que se perdieron de tanto buscar; seremos compatriotas y contemporáneos de todos los que tengan voluntad de justicia y voluntad de belleza, hayan nacido donde hayan nacido y hayan vivido cuando hayan vivido, sin que importen ni un poquito las fronteras del mapa o del tiempo; la perfección seguirá siendo el aburrido privilegio de los dioses; pero en este mundo chambón y jodido, cada noche será vivida como si fuera la última y cada día como si fuera el primero.

24
Out11

Sartre e Simone

AnnaTree

 

Coisas lidas

 

 A cocaína corria nos bares, experimentava-se o psicadelismo (Sartre injectava mescalina em 1935 e andou meio louco durante uns anos: dizia que era perseguido por uma lagosta na rua), tomavam-se anfetaminas, bebia-se muito. De facto, o abrupto e prematuro envelhecimento de Sartre deve ter tido muito a ver com os seus excessos: desde muito novo que se encheu de anfetaminas e sedativos, tudo regado com bom vinho. Também Simone se excedeu nas pastilhas estimulantes e sobretudo no álcool: quando morreu aos 78 tinha cirrose

 

Mário Vargas Llosa El País

 

 

21
Out11

Francisco Moita Flores A Fúria das Vinhas

AnnaTree

 

 

 

 

coisas lidas

 

O António Bernardo não ama esta terra. Perdeu o sentido do amor por frequentar tanto bordel

(…)

A felicidade é uma pontuação, não é uma frase

(…)

Que haveria de chegar o dia em que não haveria necessidade de Deus. Que lessem Rénan, ao menos passassem os olhos por Reinach. Para não falar de Marx.

(…)

Quanto á Viúva Negra, o caso era diferente. Filha de um caseiro da quinta das nogueiras, quando chegou o tempo dos apetites da carne empolgou-se numa paixão obsessiva por Francisco silva torres. Perseguia-o, vigiava-o, surgia-lhe nos sítios mais invulgares. Francisco era mais velho do que o pai da rapariga e administrador dos ferreira. Um dia chamou-a para lhe pregar uma descompostura, mas ela não quis saber. A obsessão demente que a dominava continuou. Nem depois dos castigos que o pai lhe impôs, quando Silva Torres, cansado dos disparates da cachopa, se lhe queixou, diminuíram a fome que não encontrava sentido noutro homem (…) quando dona Antónia chegou de Londres casada com o administrador, mergulhou em doença profunda que nem medico nem mezinha arrancavam do torpor que a prostou. Salvou-a o morto vivo com uma encomendação que, segundo explicou á família, se não fosse feita com todo o cuidado a poderia levar á morte. Mandou vir areia de dois rios, misturou-a no chão do quarto da rapariga, enquanto fazia uma oração numa língua estranha, aspergiu a areia por três vezes com água benta e colocou um Cristo ao contrário com três velas em redor. Pediu á mãe que por três dias ninguém mexesse em nada do que ele fizera a não ser que as velas se apagassem, pois tal situação poderia ser a morte. Que voltaria ao terceiro dia, pois tinha de jejuar esse tempo para poder quebrar o feitiço. Dizem que durante os três dias os pássaros desapareceram do quintal, que um corvo negro grasnou sem parar e que pelo telhado saia um fumo azulado denunciando a luta com o espírito que revolvia a mulher. Ao terceiro dia, o morto vivo regressou. Mandou o pai ficar por fora e só regressar ao por do sol e ordenou a mãe que tendesse massa para fazer pão. Entrou no quarto e pediu que lhe preparassem agua quente, e só então explicou a mãe os terríveis trabalhos para os quais precisava da sua ajuda. Que um dos piores demónios do inferno tomara conta das entranhas da filha e para a libertar de tanto sofrimento, quer ele, queen a mãe, tinham de sofrer por ela, tornando se segredo que os acompanharia na vida e na morte. Aterrada, assentiu a tudo o que o morto vivo lhe propunha e assim fizeram. Despiram a possuída pelo demónio e, enquanto o bruxo lhe limpou o corpo nu com água aquecida, recitava uma oração. A seguir, despiu-se e a mãe procedeu de igual forma, esfregando-lhe o corpo, enquanto ele continuava a murmurar a prece e a velha rezava um padre-nosso. Deitou-se sobre a rapariga e pediu a mãe que trouxesse um pequeno púcaro. E possuiu-a. A rapariga soltou um grito estridente quando o sentiu entrar e depois abraçou-o com tanta força que lhe arranhou as costas. E gemia enquanto o morto vivo continuava a recitar, penetrando-a cada vez com mais violência, e ela gemia e gritava até que o magico fez o sinal da cruz e a mãe acorreu com o púcaro para onde ele ejaculou.

Tornaram a limpar o corpo nu da enfeitiçada, que agora se revelava mais dócil. Era preciso proceder assim durante uma hora e o morto vivo tornou a penetra la e, mais uma vez, ela gemeu, gritou e, quando ele tornou a ejacular no púcaro que a mãe lhe oferecia, a moça contorcia-se em espasmos que, dizia ele, era o espírito a despegar-se-lhe das entranhas.

Orientou a mãe para que misturasse o sémen assim recolhido na massa do pão que deveria cozer sem queimar e que a doente comeria durante três dias, rezando um padre-nosso de seguida. Assim e fez.

Na verdade, passados esses três dias melhorou. Saiu da cama e pediu que a mãe lhe arranjasse roupa de luto. Dizia-se que o morto vivo a libertara do espírito maldito que a possuía, mas que, em contrapartida, a tornara serva de Lúcifer. Visitava-a todos os sábados e dizia quem ouvira que, quando os dois se fechavam para misteriosos serviços ao maldito, os berros que o bode soltava faziam estremecer as terras em volta.

Passaram a chamar lhe a Viúva Negra

 

 

 

13
Out11

SE TUDO QUANTO EXISTE Fernanda de Castro

AnnaTree
coisas lidas

 

 

Se tudo quanto existe

É lenta evolução,

Longa transformação

Sem Deus e sem mistério;

Se tudo no Universo tem sentido

Sem o sopro divino

Se o segredo da vida, a criação,

Se explica pela ciência,

E a corrente vital

É também consequência;

Se a humana consciência

É simples equação...

- que significa a vocação do eterno,

que quer dizer a aspiração do Céu

e o terror do inferno?

E se acaso é o instinto a lei da vida

Se a verdade

É só necessidade

Inexorável, lenta, laboriosa,

 

Que sábia explicação

Tem esta frágil, esta inútil rosa?

 

Pág. 1/2

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