COISAS LIDAS
GERIR A AUSÊNCIA
Mas o vento a nque soltaste as velas ao deixares a praia,, dele não deves servir-te, agora, deve buscar no uso as suas forças; se bem o souberes alimentar, com o tempo ficará firme.
(…)
Faz com que se acostume a ti; nada tem mais força que a habituação;até a alcançares , não fujas a nenhum dissabor; que te veja a todo o tempo, te escute, que a noite e o dia lhe mostrem o teu rosto.
Quando tiveres mais funda certeza de que pode ter saudades tuas, quando, por estares longe e ausente, vieres a ser razão de cuidado, dá-lhe descanso; o campo em pousio devolve com lucro o que lhe foi comfiado, e a terra árida absorve melhor a chuva que cai do céu.
(…)
Mas a demora sem risco tem de ser curta; amolecem com o tempo os cuidados, o amor ausente desvanece-se, e um outro novo se vai insinuando..
Enquanto Menelau está ausente, Helena, para não se deitar sozinha, acolheu-se, durante a noite, ao regaço aconchegado do seu hóspede.
Que disparate foi esse, ó Menelau? Tu partias sozino; sob o mesmo teto, ficavam o hóspede e a esposa;é ao falcão que tu confias, na tua insensatez, as timidas pombas; todo um rebanho tu o entregas ao lobo dos montes.
Helena não cometeu qualquer crime; ele não cometeu qualquer adultério; o que tu farias, o que qualquer um teria feito, foi isso que elke fez. Forças o adulterio, ao ofereceres a ocasião e o lugar. De quê, senão do teu conselho, fez uso a tua mulher? Que havia de fazer? O marido está longe, e está ali hóspede não desajeitado.