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Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

Arvore De Letras

Coisas lidas,ouvidas,cantadas, declamadas,faladas,escritas

25
Set14

ENTREVISTA A ANTONIO BAGÃO FELIX POR ANABELA MOTA RIBEIRO

AnnaTree

COISAS LIDAS

(…)

Procuro sempre querer menos, para poder usufruir melhor daquilo de que gosto. Nunca tive essa sensação. Até porque os meus gostos não são caros. Não gosto de automóveis. Os meus gostos é fazer fazer isto(o dossier), são os cd´s, os livros, é estar com pessoas de quem gosto. Os meus gostos são muito baratos. As viagens é que são um bocadinho caras.

AMR : Em relação ás suas filhas e á sua neta, não tem a preocupação de lhes deixar segurança material?

BF: Estou a deixar-lhes em vida. Estou a dar-lhes ferramenta para pescarem

(…)

Paul Valéry dizia que ser competente é cometer erros de acordo com as regras. Também é muito verdadeiro o que uma vez vi escrito: «um bom gestor é aquele que acerta sete vezes em dez. Um óptimo gestor é o que acerta oito em dez- se disser que acerta nove em dez ou dez em dez é um mentiroso»

 

18
Set14

ENTREVISTA A ANTONIO BAGÃO FELIX POR ANABELA MOTA RIBEIRO DNA 2003/08/02 III

AnnaTree

COISAS LIDAS

AMR: Sabe estar sem fazer nada?

BF: Não. É preciso um esforço brutal para não fazer nada.

(…)

BF: Tenho esse direito. Tenho o dever de viver e tenho o direito de deixar marcas de ter vivido.

(…)
AMR: Em «Vanina, Vanini» de Stendhal, a personagem comete uma loucura por amor; e depois escreve-se que ela não contava com o peso da consciência» Na véspera, ao trair, esquecera-se do remorso»

BF: Pascal dizia que a «consciência é o principal livro de moral que raramente é consultamos»

(…)

BF: Há uma tendência para o efémero, o fútil, o superficial. Hoje para atingirmos a espiritualidade, para nos encontrarmos connosco, temos que fazer esforço o que leva as pessoas a tomarem anti-depressivos e tranquilizantes e tudo isso é aquilo que todos temos, que com três buracos na alma.

(…)

BF: o critério da omissão é tão forte ou mais poderoso – porque é invisível – do que o critério da acção. E por omissão, na minha vida, naturalmente, que tenho buracos, tenho fragilidades.

(…)
BF: o que é Deus? Deus é o bom , é o belo e é o verdadeiro. É a perfeição. È a harmonia. A criança tem isso tudo.

AMR: Do que é que não tem saudades?

BF: Tenho saudades de tudo. O tempo é o grande alisador dos sentimentos. É uma espécie de diluente das pontas de euforia ou de desânimo. Não lhe acontece também? Ate ter saudades de uma coisa que naquele momento foi desagradável mas que o tempo mudou?

AMR: Encontro regularmente em pessoas que têm a vida folgada essa nostalgia do tempo em que o espaço era exiguo, o dinheiro contado. Explique-me porque é assim.

BF: a felicidade não se faz querendo ter mais, faz-se querendo ter menos. Faz-se pela renuncia, não se faz pelo excesso. Somos muito mais felizes quando temos que escolher.

12
Set14

ENTREVISTA A ANTONIO BAGÃO FELIX POR ANABELA MOTA RIBEIRO DNA 2003/08/02 PARTE ii

AnnaTree

COISAS LIDAS

 

AMR: Está ainda muito sujeito a essas coisas?

BF: Vou dizer-lhe uma coisa: detesto que me peçam coisas. Adoro dar,(é dando que se recebe).

(…)

AMR: Isso é o quê?

BF: É do livro de Virgilio Ferreira, uma das contas-correntes, a 654. Posso ler?

AMR: Se faz favor…

BF: «Toda a gente admira a obra de um grande artista e, ergue-lhe mesmo, ás vezes, um monumento a confirmar, mas nunca ninguém ergueu um monumento a um homem e uma mulher por terem gerado um filho, que é uma obra infinitamente maior!»

(…)

BF: A memória é o nosso cofre-forte. Gosto mais do passado do que do futuro. O passado já se viveu.

(…)

AMR: E em termos de vivências? O que é que mais o aflige?

BF: Há momentos em que parece que podemos morrer por qualquer razão, ou porque nos estamos a sentir mal ou porque vamos em viagem e nos dá para pensar nisso. Só há uma coisa que me aflige. Não é tanto a morte é não poder despedir-me. Da minha mulher, das minhas filhas, do meu pai. Despedir-me fisicamente. Sinto isso como uma espécie de cuidado com as pessoas que ficam. Quero avisá-las: isto vai acontecer-me. É para ver se diminuo a dor da surpresa.

(…)
AMR: O mais extraordinário é que tenha tempo para esta contabilidade

BF: É aquilo que lhe disse: quanto mais se trabalha mais tempo livre se tem.Que a pessoa não está num estado entediante.

08
Set14

ENTREVISTA A ANTONIO BAGÃO FELIX POR ANABELA MOTA RIBEIRO DNA 2003/08/02 Parte I

AnnaTree

COISAS LIDAS

 

BAGÃO FELIX(…) a nossa luta, o nosso combate, os nossos objectivos resultam justamente disso, de sabermos que temos um tempo limitado. Se fôssemos eternos seria o tédio completo.

ANABELA MOTA RIBEIRO: a busca assume sempre um sorriso nos lábios?

BF: (…) Há uma coisa que tenho aprendido com a idade: a felicidade tem muito a ver com a autenticidade, com a conformidade entre sermos, estarmos, fazermos, dizermo-mos, pensarmos, transmitirmos. Esta coerência ou congruência entre as diferentes expressões de ser, quanto mais for conseguida, mais felizes somos.

AMR: O que é a felicidade?

BF: A felicidade é atingir o simples. E ao atingir o simples está-se mais perto do absoluto, E portanto está-se mais perto de Deus. É nos momentos em que nos mostramos mais simples que somos mais felizes. O momento de euforia não é um momento simples.

AMR: Pode-se encontrar no arrebatamento uma sensação de plenitude ou não?

BF: Mas isso é uma bebedeira: é um estado de embrieguês que pode etr a sua piada como momento de libertação. Mas é um momento. A felicidade não é uma fotografia, tem de ser um filme. Tem de ser sustentada.

AMR: Quer dizer que a sua noção de felicidade pressupõe continuidade, não é uma noção fragmentada?

BF: Vou utilizar uma imagem provavelmente irritante porque excessivamente economicista: distinguimos os aspectos conjunturais. A felicidade é uma noção estrutural. Se me tirar uma radiografia do meu estado de alma, um electro-alma-grama( inventei agora a palavra), o resultado do dia-a-dia é irregular, tem altos e baixos. Mas se me puder fazer o mesmo exame ao longo da vida, ele é muito mais estável no sentido em que me aproximo dessa ideia de felicidade. Que culminará com a morte, por mais estranho que pareça.

(…)

Sou eu a encontrar Deus. Não consigo isso na oração.

AMR: O que é que se consegue na oração?

BF: Temos tendência- faz parte da nossa vulnaberilidade - para fazer da oração uma contra-corrente com Deus. Oramos quando nos sentimos aflitos, perdidos. É um grande acto de injustiça, que eu muitas vezes cometo, como qualquer pessoa com o tempo habituei-me a procurar falar com Deus nos momentos em que aparentemente não estou a precisar Dele. A ideia da oração não é ir bater á porta , metes-Lhe uma cunha. Como aqueles «amigos» que nunca vimos e que de repente nos contactam e a seguir vem o pedido.

 

01
Set14

Votos de casamento

AnnaTree

COISAS LIDAS

Quem quiser ver como a natureza humana é boa, é assistir ao casamento de dois jovens(…) vão fazer uma ligação que a maior parte das pessoas sabe como vai terminar. Eles mesmos, quando estão na igreja, sabem bem da vida, sabem que o pai e mãe se divorciaram, que os amigos se divorciaram. Mas quando estão a dizer o sim com toda a pompa e toda a jura, estão convictos de que com eles vai ser diferente e isso é extraordinario.

Francisco Allen Gomes

 

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