0:00 / 3:21 Marca de água . . Jane Monheit / Taking A Chance On Love
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COISAS LIDAS
(…)
Este anúncio de Yves Saint Laurent que começou a aparecer nas revistas internacionais. Por um lado há no seu par uma intensidade da entrega que parece estar para além (ou aquém) de qualquer êxtase – é a nitidez da morte que assombra a imagem. Por outro lado, sentimos a instalação de uma espécie de nostalgia magoada: quem possui quem? Ou ainda é a entrega que gera a posse? Ou ninguém possui ninguém?
COISAS DECLAMADAS
COISAS LIDAS
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Quando te vir, vou dizer-te de uma vez por todas que isto tem de parar, que não posso continuar a viver assim. Que quero acabar com esta história que já se arrasta há dois anos, que desta vez é mesmo a sério. Que não quero ter de esperar mais uns meses até te ver novamente até outro encontro furtivo e improvisado, num país diferente, noutro cenário, outra fuga da realidade outro mundo paralelo. Que prefiro voltar para o meu pais, a minha casa, o meu quotidiano comum de todos os dias iguais aos outros casa-trabalho-café e rissol em pé ao balcão-trabalho-casa- e ás vezes cinema, a minha vidinha sem interesse porque sem ti.
(…)
Sem os reencontros os abraços os beijos e as tardes no hotel a fazer amor para não pensar, a sofrer em silêncio e sorridente, vou-te dizer que se acabou, desta vez, para sempre.
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Vou-te dizer sem amargura- dois anos já foi muito bom, há quem não tenha tanta sorte, quem não tenha tido nunca dois anos de felicidade, devemos dar-nos por contentes, vou-te dizer e esforçar-me por sorrir. Sei que vais entender. Já o tinha tentado fazer antes, lembras-te.
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Agora que penso nisso, esta é a mesma a primeira vez que nos encontramos num sítio frio, a verdade é que nunca tinha visto neve antes. Ah, já te vejo lá ao fundo do caminho, estás a acenar.me. Meu Deus, és tão alto, assim á distância. Não sei porque é que estou a apressar tanto o passo, os meus pés parecem não me querer obedecer, eu juro que não queria estar a correr tanto, devia manter a compostura se é para te deixar que aqui vim, mas só um abraço, correr muito para te abraçar mais depressa e apertar –te muito. Só uma ultima vez, eu juro que amanhã te digo – desta vez sim, amanhã é que é.
COISAS LIDAS
(…)
Futuro. Lembra-se do tempo em que falávamos muito do futuro? Que o futuro é que era? Que no futuro é que tudo iria acontecer e crescer e trazer imensas coisas e belos verbos terminados em «er»? Lembra-se do tempo em que pouco olhávamos para trás, porque já pouco tínhamos para olhar, e que para a frente é que se ia, tentando abraçar o mundo com as pernas, saciando a nossa fome de vida com a voracidade de um etíope perdido num mundo Mc Donald’s? Quem tem trinta e muitos, quem beira os quarenta, tem dificuldades de falar do futuro. Não que não pense no assunto, apenas não é suposto conversar sobre o tema. É como se o futuro fosse um território apenas dos jovens.
(…)
Pois é estão a tentar roubar-nos o futuro. Estão a tentar dizer-nos que, pela nossa idade não vale a pena pensar no amanhã. Que o que está feito, está feito. Que o que não deu até agora, já não vai dar.
Mas amigo, eu proponho algumas coisas diferentes. Proponho que mandemos os conformados para aquele lugar. Proponho que nunca deixemos que nos convencam que já não temos o direito de virar a nossa própria mesa, Proponho que o nosso direito de sonhar seja protegido pela constituição, se não a do país, pelo menos das nossas vidas.
Proponho(…) que os seus aniversários e de todos os meus três leitores , sejam felizes. Não de uma felicidade boba, acéfala, pateta, daquelas que se imaginam sinónimo de alegria, que seja uma felicidade daquelas que só podemos encontrar nos olhos e na alma de quem sabe o que vale a pena esperar, sem desesperar, pelo que ainda há-de vir.
Ou como diria o Tio Olavo, citando o poeta Jorge Sena:
Esperar…
Mas mudar de esperança…
Não esperar continuamente
A mesma coisa
Ainda que ela seja indefinida
Mudar…
Se hoje esperamos isto
E amanhã esperamos também isto,
Digamo-nos que esse «isto» é outra coisa….
E sê-lo-ia
Porque, não sendo nada,
Será o que quisermos.
E mudar para outra esperança
Ou chamar outro nome á mesma esperança
É quase pensar já satisfeita
A que deixamos
Esperar…
Sim…
Mas de quando em vez mudar de esperança
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