DIARIO DA NOSSA PAIXÃO NICOLAS SPARKS V
COISAS LIDAS
Temos vivido na mesma casa de repouso de Creek Side já faz três anos agora. A decisão de vir para aqui foi dela, em parte porque era perto da nossa casa, mas também porque pensou que seria mais fácil para mim. Alugamos a nossa casa porque nenhum de nós conseguia suportar vendê-la, assinamos alguns papéis, e num ápice recebemos um lugar para viver e morrer em troca de alguma liberdade pela qual tenhamos trabalhado uma vida inteira.
Ela tinha razão em decidir assim, claro. De modo algum eu teria podido fazê-lo sozinho, porque chegou-nos a doença, aos dois. Estamos nos minutos finais do dia das nossas vidas, e o relógio esta a fazer tique taque. Pergunto-me se sou o único que consegue ouvi-lo
(…)
Dos nossos cinco filhos, quatro ainda vivem, e emborra lhes seja difícil virem visitar-nos aparecem muitas vezes, e fico grato por isso. Mas mesmo quando não estão aqui chegam-me vivos na minha memória todos os dias, cada um deles, e trazem-me á mente os sorrisos e as lágrimas que vem com o crescimento de uma família. Uma dúzia de fotografias estão alinhadas na parede do meu quarto. São a minha herança, a minha contribuição para o mundo.
Estou muito orgulhoso. As vezes pergunto-me o que é que a minha mulher pensara deles quando sonha, ou se pensa neles sequer sonha.
Há tanta coisa dela que já não compreendo.