O TRANSPARENTE E O INVISÍVEL POR EDUARDO SÁ NM
Coisas Penduradas na outra arvore de letras
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Imagino que sejam, por isso, tão importantes as escondidas. (seja quando cabemos debaixo de uma fralda, atrás do cortinado, ou sob a cama mais baixinha). Não que queiramos que nos percam. Não. Mas, antes que nunca desistam de nos descobrir (e, num jeito único ou especial, não deixam de vir ao nosso encontro). Há uma diferença entre sermos transparentes e tornarmo-nos invisíveis. Na verdade, a transparência não é um jeito de ser. Mais parece uma graça que desce, de surpresa, sobre duas pessoas e, ao contrário da névoa (que separa), as liga num mesmo bem-querer.
Mas se, aos poucos, nos sentirmos desconhecidos de quem gostávamos que gostasse de nos, silencia-se primeiro, um gesto e, depois, encobre-se um olhar e, logo logo, a indiferença pousa onde, antes, vivia o desejo de sermos descobertos. Depois, o coração «ouriça-se»... E desistimos. Tornamo-nos invisíveis devagar. E sempre que não somos transparentes. (que estranho! Olharem para nós devia ser, mais vezes: «olha por nós») afinal, só nos fechamos para os outros quando eles desistem de nos adivinhar. E só deixamos de ser crianças, para sempre, quando, infelizmente, deixa de ser hábito que nos aconcheguem as ideias e nos cubram (e acalentem) os arrepios que as desilusões logo nos trazem.