Ao Menino Marinheiro Dinis
Coisas (re)escritas
Nasceu para marinheiro, o pequeno Dinis
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
O Menino Dinis adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava na minha vida
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu o chamo de
Menino Marinheiro Dinis
Ele Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
Depois ele adormece e eu deito-o.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Baseado no poema de Alberto Caeiro menino jesus