A VIDA NUM ESPANTALHO
Coisas lidas
A VIDA NUM ESPANTALHO POR EDUARDO SÁ 18/072004 NOTICIAS MAGAZINE
1. As pessoas só se «armam» em crescidas porque lhes falta alguém junto de quem possam, sem vergonha, continuar pequeninas á vontade. É por isso que, por fora continuam a crescer enquanto, por dentro, se portam mal (como não o faziam quando eram crianças).
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Se a infância delas tivesse sido de algodão doce não precisavam – acreditem – de crescer em bicos de pés para espantar as suas dores infantis.
2. É por se sentirem desamparadas diante da vida, que as toma de surpresa, que as pessoas se tornam assustadiças quando a vivem. Sentem que o coração arranha, sempre que palpita mais depressa, como se tudo o que comove as desmanche e desarrume. O sentimento de pequenez ora as enternece, quando percebem que o perderam, ora as assusta, quando o sentem a prende-las aos seus medos, de pequeninas, que queriam espantar. Será por isso que não se movem para os outros. Como se só conseguissem imaginá-los como personagens que renovam, unicamente todos os seus medos infantis (e, quase nunca, pudessem arejar as suas dores para que, a partir delas se desse um novo começar.
3. Muitas pessoas transformam a vida num espantalho. De cada vez que espantam os medos ficam mais presas a eles. É por isso que, sendo grandes, se sentem (por dentro) desamparadas. Mais, ainda, porque já perceberam que amar é sermos pequeninos....e o melhor do mundo, ao mesmo tempo.
(aliás, amar é podermos ser mais do que pequeninos. É sermos de colo, outra vez). E, em vez de espantarmos as dores, encontrarmos quem espante em nós essa ambição tola de crescer por fora, sempre que o coração arranha (logo que palpita mais depressa como se tudo o que comove desmanche e desarrume