A PALAVRA
COISAS LIDAS
Meu querido
Lembras-te quando o tempo era quente e líquido o amor? E tu sentavas-me no teu colo e era quente e húmido, como um daqueles locais onde crescem flores e árvores e tudo é verde e apetece ficar. E eu ficava sentada em ti, e o teu sexo abria-me como uma chave, mas não uma chave como as outras, a tua abria todas as minhas portas, e eu deixava e tu entravas, e eu movia-me, e tu parado, quente, esperando... E pousavas a cabeça no meu ombro e bebias no meu pescoço, aqui no espaço onde o pescoço e o ombro se encontram, e tu te encontravas matando a sede que tinhas de mim, e a tua boca era quente, mais quente que a pele de onde bebias.
E eu sorria de ser assim a tua água.
E tu matando a sede e a fome e murmurando, “não existe ninguém como tu, ninguém é assim como tu liquida e mar”.
E eu movia-me e era sólida e rocha nas tuas coxas, na tua chave abrindo portas…
Lembras-te quando o tempo era quente e líquido o amor? Quando me releio faço-o com os olhos de quem me lê.
E em cada palavra procuro encontrar a emoção,
O sentir da palavra,
Que me agarre
Que me toque
Me traduza e me diga:
Sou eu ali.
Mas há sempre a sensação, de invadindo espaços alheios,
Trilhar rumos já percorridos,
Caminhos outrora pisados.
Não volto à palavra como coisa minha.
Ninguém volta ao que era.
Ninguém sente no presente
O que no passado foi.
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