FERNANDO GIL IN DNA por Anabela Mota Ribeiro
COISAS LIDAS
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Anabela Mota Ribeiro: - Quando sente que caminha no sentido de completar o círculo, sente-se mais próximo da verdade?
Fernando Gil: Ah não, com certeza que não. Mas espero que esteja um bocadinho mais longe do erro.
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Fernando Gil: - Hoje em dia tenho menos pudor em declarar sentimentos, embora continue a não ser fácil… em parte também porque isso solicita dos outros um movimento idêntico. Mas, em sentido oposto, talvez precise menos dessa proximidade com as pessoas do que já precisei. Terá também a ver com o envelhecimento.
Anabela Mota Ribeiro: - Precisa-se menos do assentimento daqueles com quem se está?
Fernando Gil: - Precisa-se menos de um acordo a cada momento. Numa palavra, é-se um tanto menos angustiado. É como poder estar em silêncio em grupo, não nos sentirmos obrigados a falar. O facto, que é um facto do nosso viver histórico, de termos cada vez menos confiança em nós próprios, faz que estejamos também cada vez mais angustiados, ansiosos, pedindo que nos amem. Não que precise menos dos outros; mas preciso menos que estejam de acordo comigo, que me apreciem.
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