Mãe; esqueci me da tua voz
Mãe; esqueci me da tua voz e tu não podes imaginar como lamento.
O nosso mundo é feito dos que estão e dos que partiram. Somos o que tocamos com as mãos, mas também a memória dos que morreram e até a recordação dos que existindo deixaram de nos bater à porta. Por vezes, escutamos conselhos de amigos; noutras procuramos as imagens dos que se foram e imaginamos o que nos diriam. É aí que falho. Se fechar os olhos consigo vê-los a todos, mas se os tentar escutar nem sempre os distingo – no jardim dos meus mortos há vozes de que não me lembro.
Retirado de SÓ ENTRE NÓS (Chiado Editora 2013) De Luis Osorio