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Jun14
O outro (que sou eu) de Francisco Arcos
AnnaTree
COISAS DECLAMADAS
Caí das mãos de Deus num dia triste.
Não difiro do nada mesmo nada.
Por isso me procuro e pela estrada
pergunto à brisa: - O outro, acaso o viste?
- O outro ( que sou eu ), sombra esfaimada,
... que anda nas trevas de punhal em riste,
dize-me tu, luar, se o pressentiste
correndo atrás de mim em fúria alada?
E ergo-me da cor, vivo no som;
sou eco e sombra; existo na paisagem
até ao dia em que acabar no chão.
Caí da mão, desabrochada em céus,
a qual não sei - por erro de miragem -
se me procura, se me diz adeus.
Francisco Arcos (do Fb de Irene Arcos)