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24
Nov14

OS SONHOS DE AKHILA

AnnaTree

Coisas lidas

OS SONHOS DE AKHILA

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Akhila, uma indiana que chegada á meia-idade, descobre que se apagou a si mesma em prol de…. Muitas coisas e de coisa nenhuma (….)

Akhila resigna-se e sofre «no gueto brâmane onde até o ar entra com autorização e só passagens estreitas.

(…)

Akhila não é ela própria, é todos os outros, é o reflexo daquilo, que esperam de si, é tudo aquilo que despreza mas de que não se consegue libertar, é um adiar de si mesma. É «mulher, nem ouvida nem vista» a que «esperou e esperou até ter cinzas no cabelo», a que amassou o corpo de mulher até que este adormecesse.

Akhila cumpre o papel. Mas sonha. Sonha com comboios que a levem para fora de si. Sonha com a vida que podia ter tido. Sonha um dia poder guardar outras recordações, porque sabe que as memorias que nos devolvem o sumo da vida.

Então um dia Akhila resolve partir, apanhar o comboio e fugir de tudo o que a rodeia e prende.

(…)

«pode uma mulher independente ser feliz?»

(…)

A autora explica-o: « eu não sou feminista. Quis apenas demonstrar neste romance, a natureza forte que está presente em cada mulher. Não sou feminista mas considero que á força não é normalmente encarada como coisa de mulher. Há muitos aspectos relativos á força numa mulher que não aparecem naturalmente, que têm de ser forçados a sair – quer seja pelas circunstancias, quer por uma mudança de estilo de vida».

Sem qualquer certeza, mas impelida a arriscar, Akhila leva consigo o desconforto daquilo que sempre foi, a vontade de mudar não sabe bem para quê, e a lembrança do sorriso encorajador de uma amiga. No espaço confinado da carruagem para mulheres, conhece as outras personagens femininas que num exercício de exorcismo, lhe vão relatando as suas histórias. A mais velha conta como um casamento combinado entre famílias se pode transformar num entendimento profundo e numa relação de dependência que excluí todas em redor, incluindo o filho. A mais nova fala avó excêntrica que a encorajou a rebelar-se contra a opinião da família. A terceira viu a paixão pelo marido transformar-se em ódio e encontra na vingança uma forma de se respeitar a si mesma novamente. Depois, é a mulher que fecha o corpo e o anula, assustada com o seu poder. E por último, a que é vitima da crueldade dos outros e das vicissitudes da vida. Todas elas tinham, a determinada altura, oferecido a si próprias uma segunda oportunidade. E é ao deparar-se com estas cinco experiencias Akihila é confrontada com os caminhos pelos quais a sua vida poderia ter prosseguido, com as diferentes mulheres que poderia ter sido, com o outro lado do espelho. Surge perante si o jogo das possibilidades, a arbitrariedade das portas que se fecham, e as que fechamos sem sequer dar por isso. E então questiona-se: ficarão elas para sempre fechadas? Ou será ela própria a delinear o seu destino? E assim se deixa levar, de olhos fechados, pelo comboio que a embala com o seu ritmo e que a empurra suavemente para longe de si mesma. O que a espera é a conclusão de que o que ambiciona não é, afinal, aquilo que nunca teve. «não era um marido que queria» nem um casamento espartilhado por regras, mais uma vez, ditadas por outrem. Aquilo com que desperta é o esplendor da liberdade; a vertigem do desconhecimento. «Akhila já não tem medo (…) atira a cabeça para trás e grita o seu triunfo». Aos 45 anos, sabe que não encaixa nem num papel nem no outro; compreende que, tal como Sartre avisara, «estamos condenados a ser livres» e que essa responsabilidade é assustadora, ao mesmo tempo, um desafio embriagante.

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